A ponte
Em um determinado momento aquela ponte pareceu imensa, intransponível para qualquer ser de naturais forças. Olhou para trás e retornar pareceu-lhe uma tarefa igualmente ingente. Retornar garantiria um caminho certo, sem percalços outros que aqueles já conhecidos. Mas se desistisse jamais saberia o que havia do outro lado. Lembrava-se bem das palavras do sábio, o único que conhecera que já tinha visto o além-ponte. Seus pés descalços já tinham incômodos calos que insistiam pelo fim da jornada. Seis dias já havia que andava, ao sétimo o sábio descansou. Faltava pouco, não poderia desistir agora. O sábio dizia-lhe que as frutas do outro lado eram mais doces, havia flautas que soavam melodias inauditas a cada novo passo, fadas nuas ao nosso dispor, doces como as uvas, puras e tenras quais bezerras, ninfas inocentes e perversas, tudo a um tempo. Não havia fome ou sede nem gula nem excessos, pois a justa moderação dava a cada desejo saciado seu devido jazigo. Se voltara, foi porque não era um homem para tamanha harmonia.
Marcadores: conto literatura crônica
6 Comentários:
é um tema arquetípico.
es una poética sacudida para recordarnos que a cada momento vivimos esta tensión entre aventurarnos a explorar lo desconocido por venir o sentrinos protegidos por nuestro día a día vivido día tras día...
Javier, na boa, ainda bem que teu eu artístico se safa do teu eu cabeça dura e conservador. bj
legal que o Mário escreveu.
Hahahahah... com certeza, esse que cria é melhor que o cabeça dura e conservador, entre outros adjetivos de desqualificação... por isso este último tenta a todo custo afogá-lo, enforcá-lo, esquartejá-lo, incinerá-lo, e depois "até matá-lo", hahahah.
gracias, pa... creo que sí, es eso.
Cuando lo escribo no siempre lo tengo tan claro. Grazie!
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