terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fragmento - Diálogo ente J1 e J2

J1: Se cada frangote de vinte anos quisesse instalar um novo regime, o mundo seria uma confusão completa.*

J2: O mundo é uma confusão, é o senhor que não vê porque se conformou.

J1: Já ouvi essas palavras e fui eu mesmo que as pronunciei um dia.

J2: Se de fato as tivesse pronunciado não teria se conformado com a confusão.

J1: Não me conformei com a confusão, entendi a ordem, assim são as coisas, assim
serão.

J2: Não, as coisas não são ou deixam de ser, somos nós que as fazemos. A ordem só existe em sua cabeça de velho.

J1: Pode ser, mas um dia você será velho e verá ordem onde agora vê confusão.

J2: Jamais, jamais sossegarei até ver este mundo se transformar e minha consciência ficar em paz.

J1: Sua consciência se transformará e o mundo ficará em paz com ela.

J2: Que absurdo! Então, é o fim da história, devemos desistir?

J1: Não, jamais, a história não tem fim, nem começo, só tem recomeços, quando cada frangote de vinte anos quer instalar um novo regime.

J2: Não se pode falar com um velho como o senhor.

J1: Não, não vale a pena.

J2 se retira, J1 fica.

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* Frase de Bessemenov em Pequenos Burgueses de Gorki.

2 Comentários:

Às 17 de fevereiro de 2009 às 20:01 , Blogger Luciane Godinho disse...

É uma narrativa narrativa "mise en abyme". A gente fez este tipo de exercício na Oficina! Gostei muito!

 
Às 18 de fevereiro de 2009 às 09:50 , Blogger Paula Vanina disse...

"Não Plínia, as coisas são como são, não são do jeito que eu quero, nem do jeito que você quer, apenas são e pronto". Fala de Banto na peça O Tempo da Chuva de Henrique Fontes. Me lembrei também disso. E esses frangotes são mesmo... rsrsrs. Bjos e keep working, ou melhor keep writing.

 

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