Fragmento - Diálogo ente J1 e J2
J1: Se cada frangote de vinte anos quisesse instalar um novo regime, o mundo seria uma confusão completa.*
J2: O mundo é uma confusão, é o senhor que não vê porque se conformou.
J1: Já ouvi essas palavras e fui eu mesmo que as pronunciei um dia.
J2: Se de fato as tivesse pronunciado não teria se conformado com a confusão.
J1: Não me conformei com a confusão, entendi a ordem, assim são as coisas, assim
serão.
J2: Não, as coisas não são ou deixam de ser, somos nós que as fazemos. A ordem só existe em sua cabeça de velho.
J1: Pode ser, mas um dia você será velho e verá ordem onde agora vê confusão.
J2: Jamais, jamais sossegarei até ver este mundo se transformar e minha consciência ficar em paz.
J1: Sua consciência se transformará e o mundo ficará em paz com ela.
J2: Que absurdo! Então, é o fim da história, devemos desistir?
J1: Não, jamais, a história não tem fim, nem começo, só tem recomeços, quando cada frangote de vinte anos quer instalar um novo regime.
J2: Não se pode falar com um velho como o senhor.
J1: Não, não vale a pena.
J2 se retira, J1 fica.
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* Frase de Bessemenov em Pequenos Burgueses de Gorki.
2 Comentários:
É uma narrativa narrativa "mise en abyme". A gente fez este tipo de exercício na Oficina! Gostei muito!
"Não Plínia, as coisas são como são, não são do jeito que eu quero, nem do jeito que você quer, apenas são e pronto". Fala de Banto na peça O Tempo da Chuva de Henrique Fontes. Me lembrei também disso. E esses frangotes são mesmo... rsrsrs. Bjos e keep working, ou melhor keep writing.
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