segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Prefácio

Prefácio

Conselheiro/Garçom:

Antes de começarmos este espetáculo, convém realizar algumas advertências. Em primeiro lugar, é mister esclarecer que este é um espetáculo extremamente verborrágico, especialmente em seu primeiro ato, visto ser este um vício, para não dizer falha, do autor. Mas rogo-vos que vos munais de paciência, pois nos atos subsequentes teremos ação propriamente dita para aqueles mais afeitos a esta que à retórica. Atenderemos a todos os gostos, garanto-vos, pois eu pessoalmente negociei com o autor para que isto ocorra. Haverá violência, sangue, quiçá uma violação, para que aqueles mais acostumados a uma dramaturgia alicerçada em perseguições de carros, balas zunindo, pontapés e socos, possam deleitar-se também e, prometo-vos, que haverá ainda cenas de nudez, visto que tais cenas são a motivação de muitos dos frequentadores do teatro. Da mesma forma, não se escapará demasiado da estrutura de uma narrativa tradicional, cujo primeiro ato trará a exposição da situação que conduzirá ao conflito do segundo ato para, enfim, solucionar-se no desfecho ou terceiro ato. Bem, sem mais delongas, faço saber que doravante serei um garçom e não mais farei advertências, a menos que se faça necessário no decorrer do espetáculo. Ab imo pectore, espero que vos deleiteis.

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