terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Martelotáferas

Montando um rack tive que pregar centenas de preguinhos. Trabalho de uma ou duas horas. Chega um decisivo momento em que um recalcitrante prego salta e sai voando. Após procurá-lo pelo chão por alguns instantes, encontro-o, volto a posicioná-lo no tênue furo que deixara sobre o compensado e martelo. Novo salto, ainda mais espetaculoso. Ocultava-se agora embaixo de um pedaço de papelão. Parecia destinado a fugir, a voar, não sabia, ó, ignaro, que fora feito para inumar-se sob camadas de lenho? Relutava a seu destino, queria voar. Encontrei o maldito, coloquei no furo novamente e dei três porradas em sua cabeça com imensa força. Entrou. Nada como umas boas marteladas na cabeça para fazer um pretensioso prego compreender qual é seu lugar no mundo. O rack ficou bem bonito.

Diálogos XCII

Pragmaticus: Sab, descobri que o mundo pode viver sem minha arte.
Sabichon: Mas e você, meu caro, pode viver sem sua arte?
Pragmaticus: Depende.
Sabichon: Do quê?
Pragmaticus: De quanto vou ganhar por isso.
Sabichon: R$ 8.000,00 mensais, CLT, décimo terceiro, férias, vale alimentação, convênio médico, bônus de rendimento.
Pragamticus: Ok. Posso...