quarta-feira, 28 de agosto de 2013

inovações...

Um conhecido, a quem chamarei Gomes, tem um filho de 10 anos muito esperto e particularmente informado a respeito das novidades tecnológicas. O filho constantemente tira sarro do pai por sua inaptidão com o que chama de “gadgets”. Um dia, Gomes, pegou um dicionário empoeirado da biblioteca, entregou ao filho e lhe disse “palíndromo”. Antes que o filho recorresse ao tablet, acrescentou que deveria ...dizer-lhe o que significa sem recorrer a qualquer dispositivo eletrônico. O filho pegou o dicionário, abriu, folheou algumas páginas e, brincando, começou a deslizar o indicador sobre a capa. Os dois riram, o pai permitiu que o filho pegasse o tablet e, assim, este soube o que significava palíndromo.

Depois, o pai mostrou como procurar a palavra no dicionário, explicou que uma ferramenta é apenas uma ferramenta, jamais a essência. E, assim, concluiu com a primeira moral da história. “Uma ferramenta é apenas uma ferramenta. Não pode ser a essência do ser nem podemos depender exclusivamente dela”.

O avô do menino, pai de Gomes, quem vira toda a situação, aproximou-se a Gomes sorrindo, entregou-lhe duas pedras e pediu-lhe que lhe fizesse um chá, mas que não utilizasse os fósforos. Gomes, olhou para as pedras, tentou, sem sucesso, provocar o atrito entre elas e sorriu. Havia entendido a segunda moral da história: é necessário relativizar as críticas ao novo e o desprezo que os mais ortodoxos destinam às inovações. Embora a ferramenta não seja a essência do ser, toda a nossa história, e a forma como vivemos se relaciona ao uso das ferramentas e como as usamos determina o que somos. Gomes pegou os fósforos e os três, avô, pai e filho, tomaram chá.