segunda-feira, 25 de agosto de 2014


A velocidade média no horário de pico nem chega a 25 km/h.
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A 30 km/h é possível percorrer a maior parte da cidade e em menos de uma hora.

O paulistano (e em geral o habitante de todas as metrópoles) vive na ilusão da velocidade.
Pensa o mundo atual como um cenário em transformação frenética e com conexões instantâneas. Com um pequeno distanciamento, porém, seria fácil constatar que vive em uma ilusão de velocidade. O sol continua nascendo como quer, nascemos e morremos como antes, sofremos e nos alegramos como sempre. Mas para não fazer disto algo muito filosófico, focarei no trânsito.

Na maior parte do dia, a velocidade média dos carros não chega a 25 km/h devido aos inúmeros engarrafamentos e a 30 km/h é possível percorrer praticamente toda a cidade em menos de uma hora.

Como muitos saberão, costumo deslocar-me de bicicleta. No trânsito, frequentemente observo a seguinte situação: sou ultrapassado por um “veículo não identificado” a velocidade astronômica, a 60, 80, 100 km/h ou mais em ruas residenciais! O carro passa zunindo ao meu lado como ironizando meu muscular esforço ao pedalar. Mas eis que 100 metros depois, encontro o mesmo “veículo não identificado” (agora sim identificado) no semáforo ou no congestionamento em frente. Passo por ele, sorrindo com meu esforço muscular e a alegria de não precisar me estressar com o trânsito. O processo se repete várias vezes.

O que o tal “veículo não identificado” conseguiu acelerando a tais estratosféricas velocidades? Nada, não conseguiu chegar antes por isso, apenas viveu a ilusão da velocidade.

Se, porém, o único problema fosse a “ilusão da velocidade”, isto não me importaria tanto. Cada um que viva na ilusão que deseja, eu mesmo tenho as minhas. Porém, a tal ilusão de velocidade do carro tem algumas consequências bastante concretas.

Se um cachorro, uma criança ou um pedestre em geral tentasse atravessar a rua naquele instante em que o veículo foi capaz de acelerar para alimentar a sua ilusão, o resultado poderia seria trágico.

Ou seja, a consequência concreta da tal ilusão de velocidade é clara:

Um pedestre morre por dia atropelado em São Paulo. E aqui não estou considerando outros grupos de vulnerabilidade.

Cito aqui um dado importante sobre a relação entre velocidade e mortes:

“Pesquisas feitas no exterior sobre a relação entre a velocidade de impacto sobre o pedestre e a gravidade dos ferimentos causados revelam o seguinte: a uma velocidade de 32 km/h (20 milhas) a probabilidade de um pedestre atropelado morrer é de 5%; se essa velocidade dobra, isto é, atinge 64 km/h, a probabilidade de morte aumenta 17 vezes, ou seja, é de 85%. E se atingir 80 km/h pode-se afirmar que a morte é praticamente certa.” (Fonte: http://www.pedestre.org.br/pedestre/noticias/pedestre-sp)

Para os incautos idólatras da ilusão da velocidade, esta proposta poderá parecer radical, mas basta que usem a razão e levem em consideração os argumentos acima. Se de fato há interesse em reduzir as mortes no trânsito é urgente adotar o limite de velocidade de 30 km/h na cidade de São Paulo e, evidentemente, tornar a fiscalização mais eficiente, o que certamente é um capítulo a parte.

Para aqueles que precisam de referências do “primeiro mundo” para validar uma ideia, lembro que em capitais como Londres, já há bairros que adotam a velocidade máxima de 30 km/h (20 mp/h).

De todos os modos, aqui apresento a proposta Sampa 30 kmh.

Se você concorda, compartilhe esta ideia (não necessariamente no Facebook ou nas redes sociais, mas na sua verdadeira esfera social).

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