Pobre português...
Por indicação do Léo, acabo de ler uma pequena crônica bem interessante sobre a “indigência lexical” (http://www.releituras.com/ne_freynol_vendedor.asp). Imediatamente isto me lembrou alguns comentários, que talvez alguns possam acusar de puristas ou ortodoxos, sobre o uso intenso e extenso de estrangeirismos no dia-a-dia. O mais irônico de tudo, é fazer esses comentários postando um “post” no "blog”!!!! Com muitas destas incorporações espontâneas já estamos assaz acostumados, no entanto algumas parecem extrapolar o bom senso e embasar a idéia sustentada por Inara de que existem em nosso país cada vez mais analfabetos bilíngües ou poliglotas! Não me refiro tanto ao emprego de termos que aludem a adventos ainda sem tradução, inovações tecnológicas que ainda não têm um termo vernáculo para designá-los. Por exemplo, acho um pouco exagerado chamar o mouse de rato, ainda mais para os surifóbicos! Mas quando dispomos de palavras para tanto, parece-me algo ridículo. Gostaria de citar duas experiências recentes. A primeira delas foi recorrente em aulas de ioga. Pratico (de quando em vez) ioga há quase sete anos e, no início, os professores sempre chamavam a esteira de esteira. De uns tempos para cá, no entanto, sempre ouço que a chamam de mat (ou, em prol da veracidade do relato, de méte). Algumas vezes desempenhei o papel de chato e tirei um sarro da palavra com alguma piada grosseira como "méte o quê?" (desculpem-me os mais pudicos). Mas em geral, calo-me e consinto. O segundo exemplo é ainda pior, ocorreu em uma reunião com executivos que presenciei por uma dessas estranhezas da vida. Em um momento, um dos altos executivos da empresa tenta lembrar-se de uma palavra para referir-se ao orçamento e finalmente, após certo esforço, diz: "budget". Ainda sob o efeito da estupefação da lembrança, comenta para nós: “Estranho, no português não temos uma palavra para budget”. Timidamente retruquei que poderíamos usar "orçamento" ou "verba", ao que me torceu um pouco o nariz e completou: "Não, não é a mesma coisa". De fato, não é o mesma coisa, uma palavra é em português e outra em inglês! O rico conceito de “budget” foi incorporado em detrimento do pobre “orçamento” (curioso trocadilho), bem como milhares de outros termos e siglas que simplesmente são transpostas ao português por mera preguiça (ignorância) de buscar o termo vernáculo... fazer o que?!? Para concluir em bom português, andá a cantarle a Gardel!!! :)