sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Primeira infância

"Cuando fuimos a vivir al Centro Atómico, con Javier recién nacido, Paula tuvo una actitud insólita para una criatura. El espacio era pequeño, ella tenía la percepción de la situación que ahí se vivía. Por este motivo ella decidió que no podía molestar, así deambulaba por otros espacios, por las casas de otros niños que vivían en el Centro Atómico y sólo volvía para comer y para dormir. Esto lo llegó a verbalizar: "Mami, yo no quiero molestar, vos tenés que cuidar a Javier y por eso yo me voy". Nunca supe qué significaron exactamente estas palabras en la comprensión de una criatura de 4 años.
Y el primer año de Javier transcurrió en el Centro Atómico. Una criatura inquieta, sus ojos abarcaban el mundo, la sensación que me pasaba es que él percibía también. No era una criatura llorona, pero no aceptaba las reglas de juego, las que se le imponían a un bebé. Se negaba a tomar la teta, a crecer como otros bebes de su edad, a ser un chico sociable, a las comidas que se le podían ofrecer. Sólo se aferraba a sus padres, no aceptaba a nadie más. Los límites no existían para él. Ni físicos ni de los otros.
Cuando comenzó a gatear era inalcanzable, el destino lo decidía él. No era lo que se podría decir un bebé simpático. Tenía una mirada profunda, madura, con una vieja sabiduría traída no sé de donde. Durante años, y tal vez hasta hoy, pensé que él compartió conmigo, desde mis entrañas, aquel sufrimiento silencioso, cargado de deseo de justicia."
Así me lo contó mi madre (Elsa Cencig)

Não lembro quando tirei

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fragmento - Diálogo ente J1 e J2

J1: Se cada frangote de vinte anos quisesse instalar um novo regime, o mundo seria uma confusão completa.*

J2: O mundo é uma confusão, é o senhor que não vê porque se conformou.

J1: Já ouvi essas palavras e fui eu mesmo que as pronunciei um dia.

J2: Se de fato as tivesse pronunciado não teria se conformado com a confusão.

J1: Não me conformei com a confusão, entendi a ordem, assim são as coisas, assim
serão.

J2: Não, as coisas não são ou deixam de ser, somos nós que as fazemos. A ordem só existe em sua cabeça de velho.

J1: Pode ser, mas um dia você será velho e verá ordem onde agora vê confusão.

J2: Jamais, jamais sossegarei até ver este mundo se transformar e minha consciência ficar em paz.

J1: Sua consciência se transformará e o mundo ficará em paz com ela.

J2: Que absurdo! Então, é o fim da história, devemos desistir?

J1: Não, jamais, a história não tem fim, nem começo, só tem recomeços, quando cada frangote de vinte anos quer instalar um novo regime.

J2: Não se pode falar com um velho como o senhor.

J1: Não, não vale a pena.

J2 se retira, J1 fica.

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* Frase de Bessemenov em Pequenos Burgueses de Gorki.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Texto de outrora


O texto abaixo foi escrito há muito tempo, talvez mesmo em outra época, foi em setembro de 2008, quando as coisas eram tão diferentes que já nem consigo entender o que ele queria dizer... não faz nenhum sentido, mesmo assim, publico-o, para que aqueles que o entendam possam explicá-mo-lo.

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Ontem assisti à Hércules 56.

Sempre me impressionou ver imagens da juventude de pessoas hoje mais velhas.
Choca-me ver o viço da juventude, a esperança que se espalha em todos os ossos durante o andar, mesmo algemados, e logo ouvir as palavras enrugadas daqueles mesmos personagens. Todos sentados contam-nos dos idos tempos. Desnoes nos dizia, do alto de seus oitenta anos, já revolucionários, já reacionários, que envelhecer é sentar-se, acomodar-se. E tem razão. Também me impressiona, como é oportuno que haja imagens daqueles tempos, que o passado retorne em movimento... Por isso, decidi fazer estas imagens... imagens de mim mesmo, andando na rua, com meu cachorro na coleira. Sem pressa, mas sem calma, andando, andamos. Assim, daqui a quarenta anos elas poderão ser usadas por algum curioso documentarista. Nunca se sabe o que pode acontecer. Imagino do que falaremos em quarenta anos. Imagino que daqui a quarenta anos nada se dirá de 2008, falarão dos 80 anos de 68. Mas nunca se sabe. Penso nestas imagens com a legenda embaixo. Gostaria que dissesse "Em sua vida sibarita orbivagava à espera do temível orco". Ou mais prosaicamente “qual parafuso espanado rodava”. Penso também nestas imagens envelhecidas, o que é estranho, é estranho imaginá-las envelhecidas, quando nem são imagens, são impulsos eletrônicos, ou algo assim. Mas o bom documentarista talvez, em um generoso ato, possa tratar as imagens, envelhecê-las. Como o retrato em meu quarto. Tenho um retrato no quarto da casa de meus pais de quando eu tinha quatro anos. Usava o uniforme amarelo (acho) da escola e, enquanto posava para a foto, mantinha a língua para fora no canto inferior da boca em um gesto de timidez, minha eterna timidez. Acho que esse retrato esteve sempre na parede de meu quarto, mas somente quando ele começou a desaparecer o notei. Está se apagando. Estou me apagando. Desnoes, outra vez ele, contou-nos uma anedota de Fidel. Dizem que em uma conversa com colegas da faculdade de direito, nos tempos de sua graduação, discutiam sobre seus sonhos. Um dizia que queria ser juiz, outro promotor, desembargador, assim vários, até que Fidel disse: "Quero merecer ao menos uma linha na história de Cuba". Certamente, conseguiu muito mais que uma linha. Se não tivesse conseguido, seria somente mais uma frase esquecida. Mas penso em 2048, penso nestas imagens de orbívago, e penso na frase de Fidel. Deixarei, portanto, para o bom documentarista uma frase semelhante que talvez, ai de mim meter-me em assuntos da edição, possa encerrar seu filme: “Quero merecer ao menos uma linha em minha própria lápide”.